UFRJ não consegue contratar médicos

A UFRJ vive um drama. De um lado, os profissionais de saúde estão exauridos pela rotina de enfrentamento da pandemia. Do outro, a instituição enfrenta a dificuldade de contratação de mão de obra especializada para reforçar os hospitais da universidade. Nas duas frentes abertas até agora, o resultado é pífio. Enquanto isso, 39 leitos novos do Hospital do Fundão também aguardam o pessoal necessário para entrarem em funcionamento.
    Em uma primeira chamada pública, organizada pela reitoria na semana passada, nenhuma empresa se candidatou com a mão de obra. E somente com o prazo prorrogado para o dia 30 de abril, uma única firma apresentou proposta apenas para o Instituto de Doenças do Tórax. A documentação da candidata ainda está sob análise.
Outra opção tem sido a captação de trabalhadores em um edital ampliado da Prefeitura do Rio, com pouco resultado.
“Há dificuldades, pois, simultaneamente, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Fiocruz e a própria Prefeitura estão contratando profissionais de saúde em grande volume”, explica o coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa. “Não faltam médicos na região Sudeste. Intensivistas são mais escassos. Neste momento, faltam médicos, enfermeiros e auxiliares devido à alta demanda”, reforça a reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho.
A contratação via Prefeitura do Rio está voltada para a operação de novos leitos de CTI já instalados no oitavo andar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Os profissionais, com contratos de quatro meses, serão pagos com recursos do Ministério da Saúde. Os processos seletivos ainda estão abertos. “Nós não vamos esperar o quantitativo todo para abrir tudo. À medida que forem chegando, vamos abrindo”, explica Leôncio. “Há leitos prontos que não podem abrir porque não temos pessoal para cada leito. Espero que em mais uma semana o cenário mude”, acredita a reitora.

SITUAÇÃO NO HU
Atualmente, informa a assessoria de imprensa do Clementino Fraga, a unidade dispõe de 50 leitos específicos para atendimento aos pacientes com Covid-19, sendo 21 de CTI e os outros de enfermaria. Neste dia 30, estão todos ocupados.
Há mais 39 leitos de CTI prontos, esperando novos profissionais para que sejam abertos.  São 470 vagas disponíveis para atender esta área do hospital.
    Até o dia 29 de abril, apenas 34 profissionais de saúde haviam se apresentado ao HUCFF pelo edital da Prefeitura — que também contrata para o Hospital de Campanha do Riocentro e para o Hospital de Bonsucesso. Mas, como são profissionais de diversas áreas, não significa que estes recém-chegados dão suporte para abrir um único leito, por exemplo.

SELEÇÃO VIA PR-6
A outra seleção, via Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6), deveria compor o quadro do Hospital do Fundão, da Maternidade-Escola, do IPPMG, do Instituto de Doenças do Tórax e do IPUB. A empresa Proservig Zeladoria, com sede no Rio de Janeiro, apresentou uma proposta para o IDT. A documentação da firma agora entra em análise e o resultado definitivo será divulgado nos próximos dias, na página da PR-6.
A planilha do chamamento público informa o total solicitado pelas unidades, de 936 profissionais. Mas as contratações efetivamente feitas estarão submetidas ao limite orçamentário previsto. A despesa será custeada com recursos extraordinários recebidos pela universidade para combater o coronavírus.  
    Enquanto os novos profissionais não chegam, a universidade tem promovido rodízio dos médicos das especialidades clínicas e cirúrgicas nos atendimentos das enfermarias e emergência, informa a assessoria de imprensa da reitoria. “Médicos são muito bem treinados em terapia intensiva durante a faculdade, mesmo quando não são especialistas. Os quadros mais graves ficarão com os especialistas; os menos graves, com médicos bem treinados por eles”, explica Denise Pires de Carvalho.

VOLUNTÁRIO EMÉRITO
Além das contratações, o Complexo Hospitalar convoca voluntários. E um dos candidatos chamou atenção: o professor emérito Adalberto Vieyra, diretor do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio).
“Há mais de 50 anos, fui intensivista. Depois, entrei na pesquisa e deixei a prática da Medicina. Mas agora estou completamente à disposição”, afirma o docente, que se formou médico pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. “Poderia voltar ao passado e talvez contribuir com algum conhecimento que ainda tenho”, completa.
 “Medo não senti, sabe? Já estou numa idade em que sentir medo não faz parte do dia a dia”, diz Adalberto, de 75 anos, que já combate o coronavírus na direção do Cenabio. A unidade está produzindo máscaras de acetato para a população.

 

Referência: https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/?option=com_content&view=article&id=2970

Data 02/05/2020

UFRJ CH - Complexo Hospilar
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